domingo, 23 de dezembro de 2012

Preciosidade...

Eu queria ter um botão de invisível as vezes, mas como não o tenho, procurava mesmo não chamar a atenção. É que parecia que existiam dois lados de mim: um que queria ser notado e outro que queria passar desapercebido.
É bom ser notada pelos outros. Gosto de elogios, quem não gosta? Gosto de me arrumar, atrair olhares... Mas existiam momentos em que eu me encontrava encurralada por estes tais olhares e queria mesmo era me enfiar debaixo da terra e ficar por ali até que tudo acabasse.
Eu aprendi uma arte depois que eu cresci. Foi a de ficar vermelha! Arte mais besta, não serve pra nada! Só pra me deixar mais vermelha ainda por saber que as pessoas notaram que estou com vergonha.
Daí eu fiquei jeca mesmo e as vezes faço questão disto. Não é tão ruim assim ser jeca. Eu até gosto. Andar por aí sem me preocupar qual a cor da moda na estação ou se a escova nos cabelos vai despentear com o vento. Pelo menos não tenho que ficar fingindo pra todo mundo que sou uma jóia inatingível. Eu estou aqui, eu posso ser tocada. As pessoas querem pessoas para tocar e não para vangloriar...
Eu acho...
Sim, eu ainda marcho pelas ruas. Olhar fixo para a frente, frio, para as vezes tentar não ser notada. Acho que não ligo mesmo.
Outras vezes, porém, me pego na vaidade, me arrumando em frente ao espelho. Sei que assim como consigo ser invísivel quando quero, também posso ser vista. Mulher tem este poder, só basta saber. Eu não tenho vergonha de querer... Faz bem!
Não quero ser uma jóia inatingível, não quero ter preciosidade.
Quero ser digna do toque. Me encontrar entre os reles mortais, saber gritar, dizer o que quero.
Quero comer o que tenho vontade, usar as roupas que tenho vontade, cantar as músicas que tenho vontade. Quero sair pelas ruas tomando banho de chuva sem me preocupar se o salto vai quebrar ou a maquiagem borrar.
Não quero ter medo de voltar a ser criança.
Esconder a gargalhada? Pra quê? Passar vontade de nadar por causa dos quilinhos a mais ou das celulites e estrias? Pra quê?
Estes olhares que me fazem querer ser invisível que se danem! Eu quero é viver...
Não sou “preciosidade”? Mando ela pra puta que pariu!

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