domingo, 23 de dezembro de 2012

Nó Desajustado

Vou ter que me amarrar
Alguém pode me ajudar?
Dar um nó desajustado no meio do que se sente
Um nó mais apertado do que deram na forca de Tiradentes
Vou usar a corda mais grossa
Daquela que destroça os pensamentos insensatos
Estou precisando me amarrar
Me amarrar no que se tem
Sossegar, virar refém do que cultivei
Plantei sementes de flores que não reguei
Na primavera tardia em que me revelei
Tarde demais para plantar
É preciso me amarrar nesta pequena sanidade
Viver da verdade
Me desligar daquele mundo que imaginei
A realidade é o que sei
Desligo as teclas, as palavras,
Desligo o máximo dos olhares
Me encontro só nos pesares
Fujo do que quero sem saber se quero mesmo
Desejo
Lembro da multidão, flashes de solidão
Vultos monstruosos numa noite de vontades
Cliques e mais cliques nos links dos sonhos noturnos
Soturnos, embriagados
Preciso me amarrar na flor da minha pele
Fechar o abismo que me segue
Com a ponte mais forte que puder construir
Esquecer algo que não me vem
Não queirar nada além do que se tem
Deixar a janela fechada para o sol não arder meus olhos
Enquanto me amarro
Disparo
Solo de um pássaro canta aqui dentro
Enquanto busco tempo
Pra fugir de mim que me amarro
Me calo sem querer e sei que não devo fugir
Ficar presa nesta realidade é o que me resta
Não sei se presta
Mas é o que se tem
Deixe-me amarrada aqui por todos os restos de meus dias... Amém!

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